quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Por que é tão difícil decidir?
     Muitas pessoas passam pela vida como se pedissem desculpas por estar aqui. Não percebem as grandes oportunidades de crescimento que as dificuldades produzem e, por não perceberem, se recolhem na timidez, no medo e/ou na auto-sabotagem.
     Não se lançam na vida pelo medo de escolher qualquer coisa.
     No trabalho, obedecem as ordens cegamente, tornando-se apenas uma peça na manutenção da máquina já conhecida. Se algo muda, elas se perdem completamente. E podem até adoecer. Quando aparece um processo de mudança, ou caso, exista uma necessidade premente da organização em buscar novos mercados, muitas vezes como questão de sobrevivência, sentem-se alijadas do processo, interpretando, muitas vezes, como uma perseguição, como uma punição à sua dedicação. Dedicação que se efetivava na profunda obediência a regras e normas estabelecidas.
     Na vida afetiva o medo aparece e as tornam pessoas pálidas, sem vida. Mesmo que sejam aceleradas.
     E porque tanto medo em tomar decisões?
     Decisão de colocar para seu chefe que existem outras formas melhores para chegar ao mesmo resultado e, se não ouvido, buscar outro lugar onde possa exercer sua criatividade. Imediatamente vem o receio de ser mal entendido(a) e colocar o emprego em risco.
     Decisão para mudar a forma de comunicação existente no grupo emocional. Imediatamente vem o receio de ser mal entendida e colocar o afeto que eles tem em risco. Tem medo de perder pessoas, como se proprietários(as) fossem, mesmo sendo infelizes e carregando frustrações e desencantos.
     Decisão para buscar atividades que sejam complementares e que permitam uma realização existencial ou espiritual plenas. Imediatamente vem o receio de não ter tempo para atender as necessidades dos outros.
     E o que é realmente DECISÃO?
     Para o filósofo grego Aristóteles, decisão é “o momento conclusivo da deliberação no qual se adere a uma das alternativas possíveis (...) uma apetição deliberada referente a coisas que dependem de nós.” Para se tomar uma decisão é preciso ter observado as alternativas possíveis, ter examinado a situação que produz algum tipo de conflito ou desconforto, e se busque a cisão, se promova a ruptura, e mude o rumo dos acontecimentos.
     A dificuldade existe porque, muitas vezes, temos o novo caminho como ameaçador, pois ele irá por abaixo uma parte de nosso sistema de crenças, de nossos valores, de nosso comodismo. Teremos que formular novas perguntas, nos defrontarmos com novos problemas e buscarmos novas soluções.
     Karl Popper, filósofo austríaco, formulou uma interessante equação que mostra como se dá o crescimento do conhecimento humano, e que pode ser utilizado também para o crescimento organizacional e existencial da pessoa. Escreveu ele, que quando temos um Problema P elaboramos uma Teoria T para resolvê-lo, buscamos Eliminar os Erros da Teoria e chegamos a Solução que por sua vez trará novos Problemas. E resumiu em uma pequena fórmula, a saber:


P->T->EE->S¹->P²


     Assim como uma organização precisa estar aberta para perceber os novos problemas que surgem dentro de sua rotina, também os funcionários precisam estar atentos na sua relação com tudo e com todos, para evitar que o medo de crescer impeça o crescimento de todos os envolvidos no processo. E, principalmente, o seu próprio crescimento profissional, emocional e espiritual, num mundo em crescente velocidade de transformações e mudanças.
     É preciso estar em constante movimento para acompanhar o movimento da própria Vida e não correr o risco de, saindo do fluxo das águas do rio existencial e social, tornar-se uma poça de águas paradas, com uma população de parasitas emocionais e econômicos, fora do sistema evolutivo pessoal, financeiro e social, transformando-se em pessoas e organizações que estarão fadadas a estagnação e/ou desaparecimento por continuarem com métodos e metas ultrapassadas.
     Decisão de crescer, de progredir, de evoluir é então, escolher fazer a cisão com a estagnação e buscar novos mercados, novos rumos, novos problemas e novas decisões.


Por Ruth Barbosa – contatos: ruthbar@uol.com.br

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