segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A culpa e nós

Olá, amigos.

Recebi um texto interessante sobre o poder da culpa que anexo ao final de algumas observações sobre esse sentimento.

A culpa muitas vezes direciona nosso olhar. Associada ao conceito ( ou a falta dele) que temos de nós mesmos e o quanto não nos apreciamos, podemos ter uma ideia do quanto somos eficazes em nos destruir cheios de certeza e lógica.

Imbuídos desse sentimento, muitas vezes percebemos algo no outro, talvez na atitude, numa ação ou mesmo num olhar que nos dá plena certeza que o outro está querendo dizer isso ou aquilo. Invariavelmente acreditamos estar certos, seja por que "temos certeza" de que conhecemos esse alguém seja por que esse alguém alguma vez disse algo que pode, sem dúvida, nesse momento pautar o que estamos pensando e o que está acontecendo e que, exatamente, por isso o que estou pensando não pode de maneira alguma ser algo diferente disso. Nossa certeza é tanta que julgamos, brigamos, não damos chance de réplica e encarceramos tudo isso que está passando numa cara feia sem que ao menos abramos a boca para dividir com o outro - a parte mais interessada nisso e muitas vezes aquele que é importante para nós - o que é que se passa... enfim, é um emaranhado só!

O sentimento de culpa é poderoso, nos torna acessíveis e cegamente dóceis as atitudes de quem, com certeza, quer nos fazer pagar pelo que fizemos. Ninguém é sempre algoz nem exclusivamente vítima. Na terapêutica de personalidades múltiplas, observamos tantas vezes o quanto tais papéis se alternam por que, como cegos, pensamos apenas em revidar, esquecendo-nos de que o entendimento, a compreensão e o perdão nos liberta e nos faz sair desse ciclo onde morremos e nascemos, mas nunca encarnamos e desencarnamos.

Que tal dialogarmos mais? Que tal perguntarmos ao outro o que está acontecendo, mesmo tento convicção do que o outro pensa e/ou do porquê o outro ter agido desse ou daquele jeito? Que tal falarmos o que desejamos e o que não queremos? Isso é fundamental para quaisquer relacionamentos, seja em casa, com amigos ou no trabalho. Nesse caso, entendo que a necessidade do diálogo, mesmo nos casos em que nos sentimos vitimados e, consequentemente, damos ao outro um poder que talvez ele não tenha ou tampouco queira ter, parte da dúvida de que o outro não "pode ter feito isso de propósito". Seguindo o princípio de que podemos e temos o direito à plenitude, vale a pena dar prioridade à paz, ao bem, ao amor e sair desse vício que é nos aborrecer, nos entristecer e sofrer e, que somente nos aprisiona mais e mais na culpa.

Pensando no poderosíssimo sentimento de culpa, Rafael de Porto Feliz nos fala sobre sua crença e mostra através de uma passagem do livro Libertação de André Luiz o que a culpa é capaz de fazer.

Bjs. Ana



""Caros listeiros,boa tarde.

Gostaria de expor abaixo um exemplo até que ponto a Consciência de Culpa pode nos atingir.Se lermos atentamente, verificaremos que a "tomada vibratória" que nos liga nosso ser aos chamados obsessores é a consciência de culpa.

Para mim,isso quer dizer o seguinte:só seremos atacados por obsessões externas quando nosso íntimo estiver propenso a tal,ou seja,quando a culpa estiver instalada no ser.

Dentro da terapêutica das personalidades, não seriam personalidades de passado nossas,personificaçõ es das nossas culpas,e os obsessores externos,personalid ades de passado que foram prejudicadas por nós,hoje encarnados como filhos,pais e afins?

O trecho abaixo encontra-se no livro Libertação,de André Luís,e Francisco Cândido Xavier.Espero que seja do interesse de todos.

"(...)e incidindo toda a força magnética que lhe era peculiar,atravé s das mãos,sobre uma pobre mulher que o fixava,estrarrecida ,ordenou- lhe com voz soturna:

-Venha,venha!

Com expressão de sonâmbula,a infeliz obedeceu a ordem,destacando- se da multidão e colocando-se, em baixo,sob os raios positivos da atenção dele.

-Confesse,confesse! -determinou o desapiedado julgador,conhecendo a organização frágil e passiva a que se dirigia.

A desventurada senhora bateu no peito,dando- nos a impressão que rezava o "confiteor" e gritou lacrimosa:

-Perdoai-me! perdoai-me,ó Deus meu!

E como se estivesse sob ação de droga misteriosa que obrigasse a desnudar o íntimo,diante de nós,falou em voz alta e pausada:

-Matei quatro filhinhos inocentes e tenros...e combinei o assassínio de meu intolerável esposo...o crime,porém,é meu monstro vivo.Perseguiu- me,enquanto durei no corpo ...tentei fugir-lhe através de todos os recursos,,em vão...e por mais que buscasse afogar o infortúnio em "bebidas de prazer",mas me chafurdei... no charco de mim mesma...

De repente,parecendo sofrer a interferência de lembranças menos dignas,clamou:

-Quero vinho!vinho! prazer!.. .

Em vigorosa demonstração de poder,afirmou, triunfante, o magistrado:

-Como libertar semelhante fera humana ao preço de rogativas e lágrimas?

Em seguida,fixando sobre ela as irradiações que lhe emanavam do temivel olhar,asseverou, peremptório:

-A sentença foi lavrada em si mesma!Não passa de uma loba,uma loba....

À medida que repetia a afirmação,qual se procurasse persuadi-la a sentir-se na condição de irracional mencionado,notei que a mulher,profundament e influenciável, modificava a expressão fisionômica.Entortou -lhe a boca,a cerviz curvou-se,espontâ nea,para a frente,os olhos alteravam-se, dentro das órbitas.Simiesca expressão revestiu-lhe o rosto.

Via-se patente,naquela exibição de poder,o efeito do hipnotismo sobre o corpo perispíritico.

(...)Dizia o instrutor... -o remorso é uma benção,sem dúvida,que pode levar-nos a corrigenda,mas também é uma brecha,na qual o credor se insinua,cobrando pagamento.(. ..)sempre chega um minuto em que o remorso nos descerra a vida mental aos choques de retorno das nossas próprias emissões".

Fonte-Libertaçã o,págs 71,72.

abraços.

Rafael kerche do Amaral/Porto Feliz/SP.""

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