domingo, 29 de maio de 2011

Campo Mórfico


Na nossa socialização aprendemos que tudo aquilo que acontece em nosso corpo e nossa psique pertence ao nosso "eu" e que somos, portanto responsáveis por isso.
Nós aprendemos que nossos sentimentos, ações e pensamentos vêem de nós e que fazem sentido em nós. Contudo, dentro do contexto sistêmico e das experiências que temos nas Constelações, parece que isso é verdadeiro apenas e parte.

Nesse sentido, o trabalho de Bert Hellinger revolucionou o conceito de indivíduo. Os "vínculos invisíveis" de uma família ou de um sistema se tornam visíveis numa constelação. Os representantes e o cliente experimentam corporalmente como o indivíduo está inserido em seu contexto e como a presença e a proximidade de cada indivíduo do sistema atua em cada outro indivíduo do sistema. Por exemplo, se numa constelação uma filha está em frente ao pai, ela vivencia um estado corporal e psíquico que pode ser descrito de uma forma bem exata e que muda quando se acrescenta uma outra pessoa, por exemplo, a mãe ou o pai do pai.


Nós podemos imaginar que nosso corpo, como um corpo de ressonância percebe as informações do meio ambiente, assim como um instrumento musical ou uma jarra vibra conjuntamente com os sons que os cercam. Nesse sentido, somos capazes de sentir outros através de sensações e estados corporais e, sobretudo, vivenciar e perceber as qualidades do outro em nossos corpos. Por outro lado, isso significa que as sensações que sentimos e os estados corporais que vivenciamos não surgem possivelmente de nós mesmos, não são nossos próprios, mas são sensações "estranhas" e percepções que ressoam em nós, e acreditamos que tenham sidos as nossas, já que as vivenciamos em nosso corpo e psique.

Rupert Sheldrake retomou a antiga idéia da totalidade abrangente, continuou a desenvolvê-la e a transformou num aspecto central de suas pesquisas. Ele descreve os princípios básicos do campo mórfico que refletem as idéias de Thales sobre a alma universal e os pensamentos de Carl Gustav Jung sobre o inconsciente coletivo. Toda estrutura, seja de uma organização, um organismo ou um sistema, vive num campo mórfico que atua como uma memória onde estão armazenadas todas as informações importantes do sistema. Portanto, todos os elementos individuais como parte do todo estão em ressonância com o todo. Cada parte dessa estrutura, portanto, cada membro desse sistema ou cada indivíduo de uma organização participa do conhecimento sobre o todo e e todos os acontecimentos importantes. Nesse sentido, a memória não é observada como uma função ou uma conquista pessoal do nosso cérebro mas como um "campo de memória", no qual nos movimentamos como um rádio, no meio de ondas radiofônicas.

Do livro de Ursula Frankie, Quando fecho os olhos vejo você - Ed. Atman

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